INOVAR É PRECISO… (tempo aprox. de leitura: 3,5 min.)
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Há muito tempo, estava eu trabalhando numa convenção de cartografia, representando uma empresa de venda e consultoria de GPS, quando um jovem e brilhante oficial engenheiro do IME se aproximou para pegar informações. Ele queria dados para o projeto dele de orientação de artilharia via GPS. Ficamos conversando um bom tempo e, já no final, revelou-me um caso curioso.
Ao se debruçar, atento, num manual de um moderno canhão, percebeu uma singularidade intrigante e sem explicação nas instruções: antes do tiro, os artilheiros deveriam segurar numa alça lateral do canhão.
Depois de muita pesquisa, essa instrução sem sentido provinha dos passos descritos em manuais muito antigos, de velhos canhões atrelados a carroças. Os artilheiros deveriam segurar no cabresto dos cavalos para acalmá-los, antes do tiro.
O jovem Tenente riu ao perceber a inutilidade da alça e da instrução para “acalmar” os canhões modernos, sem cavalos. Despediu-se de mim, agradeceu minha consultoria e partiu. Deixou, para mim, um pensamento que desenvolvi até os dias atuais.
Vivi diversas experiências pessoais na Marinha de Guerra antes desse encontro e, posteriormente, na Marinha Mercante que ajudaram a consolidar esse paradigma.
Uma delas, no meu primeiro embarque, como Imediato de um Graneleiro, deparei com um Imediato que me “adestrou” na função. Achei estranha a maneira como ele me ensinou a fazer o Draft Survey (Arqueação), com modelos em papel e uma irritante calculadora básica que apitava ao digitar.
Quando ele desembarcou, imediatamente (sem trocadilho) transformei o Draft Survey arcaico numa planilha Excel que fazia todos os cálculos automaticamente. Criei também uma maneira informatizada de fazer os planos de carga/descarga e o acompanhamento das operações. Duas preocupações a menos para que eu não me estressasse no desempenho da função do meu primeiro embarque.
Durante essa primeira viagem, o Comandante passou pelo meu camarote e me viu estudando os manuais de carga do navio, onde ele comentou: “Esses manuais nunca foram lidos pelo outro Imediato!”
No retorno desse Imediato, mostrei a ele esses simples aprimoramentos que ele descartou com desdém.
Percebi que o conceito do mundo fluido de Zygmunt Bauman não se trata de mera especulação filosófica. Deixar de acompanhar a rapidez das transformações, a fluidez e a necessidade de inovação são fatais para um bom posicionamento profissional.
Frequentemente encontramos procedimentos, instruções e condutas no meio profissional que não condizem com a realidade, aplicabilidade ou atualidade. O que fazer? Três coisas, essenciais no meio profissional: atualização, orientação experiente e capacitação.
No meio marítimo, por exemplo, percebemos que há ofertas de atualizações, mas carece de orientação experiente personalizada, individualizada e oferta de capacitação direcionada para que o profissional se habilite a empregar, na prática, as normas e conhecimentos adquiridos.
Com essas percepções, engajei-me no projeto de construção e associação ao Instituto Mar Futuro – IMAR, onde encontrei eco para pôr em prática o anseio de compartilhar conhecimento e visão inovadora nesse mundo fluido.
O objetivo, agora e sempre, é atrair talentos com experiência e disposição para “seguir nossa esteira” e fazer a diferença.
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)