FOCO – PARTE 1 (tempo aprox.. de leitura: 3 min.)
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Dos meus 42 anos de contato (e treinamento) com artes marciais, pratico Aikido há 33 anos. Nesse período, tive a oportunidade de conhecer vários mestres japoneses, seus pensamentos e técnicas, como o Sensei Shikanai (mestre do meu mestre), Sensei Kobayashi (mestre do mestre do meu mestre) e Sensei Isoyama (mestre do ator Steven Seagal).
Foi através de Sensei Shikanai que tive o prazer de conhecer seu mestre em Jodo (arte de bastão (Jo) contra uma espada), Sensei Nishioka (1924-2014). Algum tempo depois, Sensei Shikanai decidiu nos passar um conceito aprendido com Sensei Nishioka: KEIKO SHOKON.
KEIKO SHOKON significa, em poucas palavras, “refletir profundamente sobre o passado, iluminando o presente”.
Para explicar esse princípio, costumo contar a seguinte estória:
“Era uma vez uma jovem recém-casada que decidiu agradar o marido fazendo uma carne assada, sabendo que o marido gostava por já ter comido na casa dos pais dela. O jovem adorou a surpresa e, por curiosidade, observou que a carne assada tinha as extremidades cortadas e perguntou por que a esposa cortou as pontas antes de assar. A jovem não soube responder, mas disse que aprendeu com sua mãe assim.
No primeiro almoço de domingo na casa dos sogros, o jovem se lembrou da carne assada e perguntou à sogra o porquê de cortar as pontas para assar, no que ela respondeu que também não sabia, pois havia aprendido a fazer assim com sua mãe, sentada à mesa, no canto.
Já todos curiosos com o corte nas pontas da carne assada, perguntaram à velhinha no canto da mesa esse “segredo culinário”, no que ela respondeu que tinha um forno muito pequeno.”
Quando estava embarcado, comandando um Full Container, a nova direção de um escritório local de apoio aos navios pediu-me para escrever, na minha partida daquele porto, uma pequena palestra para os colaboradores, que seria lida durante a primeira reunião de todos com a nova direção.
O tema que escolhi? Lembrar aos colaboradores a importância de cada função exercida, bem como cada tarefa a ser realizada, por mais insignificante ou humilde que pareça no momento. Lembrar também à direção de que ela é a responsável por manter seus colaboradores cientes do objetivo de cada processo. De que todos, enfim, saibam muito bem o que estão fazendo no presente, estarão fazendo no futuro e contextualizar o conhecimento na experiência e na memória técnica, respeitando o devido valor histórico.
Em suma, KEIKO SHOKON.
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)