NATAL (tempo aprox. de leitura: 2 min.)
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Talvez, por falta de sorte, não me lembro de ter feito a demorada entrada no porto de Antuérpia de dia, numa hora considerada “normal”. A demora ficava por conta da manobra de passagem das eclusas de acesso ao porto, sempre bastante movimentadas. Mas teve uma vez que a “conjunção astral” extrapolou a resiliência marinheira da nossa tripulação.
Era quase meia-noite de um 31 de dezembro, fazia dez graus negativos e já estávamos a algum tempo esperando entrar nas eclusas. Sabíamos que perderíamos mais um par de horas para terminar as manobras. Eu, Imediato na época, sabia que emendaria a jornada de manobra com meu turno de quatro às oito da manhã.
O que me marcou nessa manobra foi a passagem da primeira eclusa exatamente na virada do ano, onde vimos e ouvimos a meia dúzia de fogos (nada parecido com o foguetório de Copacabana) que nos lembrou a “efeméride”. No passadiço, o Prático, em meio às ordens de manobra, vira-se para nós e exclama um apressado e tímido “Feliz Ano Novo!”, retornando, assim como nós, sua atenção à apertada entrada na eclusa.
Só depois de atracado, voltamos nossa atenção em celebrar oficialmente o Ano Novo, com uma bela ceia, confraternização e ligações para os familiares que logo passariam pelo Ano Novo no Brasil.
O Natal daquele ano? Na correria dos portos europeus, não me lembro exatamente onde estávamos e quando comemoramos. Não importa.
Essa passagem me faz lembrar que o tempo realmente corre diferente para o homem do mar, sempre criando seu próprio tempo e celebrando os eventos da sua vida nos seus calendários e relógios próprios.
Passamos a dar o devido valor à comemoração dos eventos que marcam nossas vidas e não à cronologia desses acontecimentos.
Sendo assim, Feliz Natal e Feliz Ano Novo, Marinheiro! Seja daqui a uma semana ou quando estiver com seus entes queridos para celebrar.
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)