EXCELÊNCIA (tempo aprox. de leitura: 3,5 min.)
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Por vários motivos, irrelevantes de serem citados aqui, nunca me esforcei devidamente para alcançar a excelência, em qualquer área da minha vida.
A orientação que lembro ter recebido dos meus pais era simples: “Não interessa o que você pretende ser, faça o melhor que puder e, nunca, nunca seja medíocre”.
O conceito de excelência nunca me foi ensinado ou citado e a orientação recebida não me parecia próxima a tal conceito.
Confesso que me interessei pelo tema há pouco tempo e de forma pouco ortodoxa, indireta, sem me dar conta de que estava explorando o assunto.
Quando parei para meditar sobre a excelência, rapidamente me remeteu aos pensamentos de Aristóteles, a primeira referência que associo a esse conceito. Certamente, fonte primária do assunto. Mas, como citei, o tema apareceu na minha vida de forma indireta.
Há pouco mais de um ano, compartilhei no grupo de WhatsApp com companheiros de treino de Iaido e Aikido umas anotações traduzidas que tinha (referência perdida) e que intitulei como “0s Seis Níveis de Treinamento”. No mundo do Budo (Artes Marciais Japonesas), treinamento é tema tão fundamental e complexo que possui seis nomes (ou níveis): Keiko, Renshu, Shuren, Tanren, Kufu e Shugyo.
Sem entrar em muitos detalhes, a ideia de treinamento nas Artes Marciais vai numa progressão que começa com a simples prática repetitiva e diária (Keiko) e vai até a transcendência (Shugyo), forjando a alma e incorporando-se ao seu dia a dia.
Foi explorando o entendimento desses níveis de treinamento, na suada prática, que percebi o significado camuflado da excelência, um conceito abstrato para mim. Abstrata e inatingível excelência (para mim, repito) porque advêm da minha convicção de que estou na eterna rotina de explorar e aprimorar os seis níveis de treinamento, o que não me permite chegar à excelência.
Nesse ponto, cabe citar o que o historiador americano Will Durant sintetizou sobre o pensamento de Aristóteles: “Nós somos o que repetidamente fazemos. A excelência, então, não é um ato, mas um hábito”.
Hábito requer tempo, o que me lembra o conceito de sabedoria prática de Aristóteles, mais importante para mim do que a excelência em si.
“… embora os moços possam tornar-se geômetras, matemáticos e sábios em matérias que tais, não se acredita que exista um jovem dotado de sabedoria prática. O motivo é que essa espécie de sabedoria diz respeito não só aos conhecimentos universais, mas também aos particulares, que se tornam conhecidos pela experiência. Ora, um jovem carece de experiências que só o tempo pode dar.” (Ética a Nicômaco – Aristóteles)
São essas reflexões que norteiam a fase atual da minha vida, engajado nesse projeto de ensino a distância. Menos preocupado em propagar a excelência, que é uma busca individual, mais favorável em explorar a essência e passar a sabedoria prática.
Excelência? Não! Essência!
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)