REALIDADE (tempo aprox. de leitura: 2,5 min.)
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Tenho uma filha de 17 anos que está no último ano do ensino médio, vivendo aquela fase angustiante para muitos jovens: a definição de uma carreira; de uma vida.
Confesso que não vivi tal angústia. Minha “motivação” surgiu naturalmente da restrição financeira dos meus pais e da orientação de meu padrinho. Fazer concurso para o Colégio Naval resolveria tudo. Então, com 15 anos meu caminho estava traçado. Era só trilhá-lo para me tornar um Oficial de Marinha.
E lá estava eu, formado, graduado Segundo-Tenente, embarcado num Contratorpedeiro e pronto para aplicar meus conhecimentos, certo? Esqueceram de me avisar que eu deveria estudar muito mais Psicologia e Liderança do que Mecânica.
Comum em várias profissões, não sabemos e não pesquisamos devidamente a vida, o dia a dia da profissão que pretendemos ou abraçamos. Vejo jovens, como a minha filha, analisando as matérias que terão na Faculdade e as perspectivas de salário da carreira, mas não as rotinas de trabalho que provavelmente encontrarão.
Nem falo aqui do leque das especializações e pós graduações que se apresentam naturalmente em muitas carreiras. Conheci alguns que conseguiram e conseguem planejar até esse nível. São poucos. Certamente não foi meu caso e da maioria que conheço.
Com relação à minha filha, não estou sendo o tipo de pai da anedota, que diz: “O meu filho pode ser o que ele quiser. Maquinista, Submarinista, Armamentista, …”
Que ela tente escolher uma profissão que se identifique e a torne feliz, preenchendo grande parte de suas expectativas, mas que tenha em mente e consiga ver que acordará todas as manhãs e lidará com as rotinas e aspectos desagradáveis inerentes da sua profissão.
Diferente da minha época de tomar essas decisões, ela tem a “sorte” de poder pesquisar um pouco mais sobre a realidade da prática da profissão que abraçar.
Permito-me terminar com a citação de Aristóteles, que repetirei do meu último artigo e que também se encaixa nessas minhas ponderações:
“… embora os moços possam tornar-se geômetras, matemáticos e sábios em matérias que tais, não se acredita que exista um jovem dotado de sabedoria prática. O motivo é que essa espécie de sabedoria diz respeito não só aos conhecimentos universais, mas também aos particulares, que se tornam conhecidos pela experiência. Ora, um jovem carece de experiências que só o tempo pode dar.” (Ética a Nicômaco – Aristóteles)
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)