HÁBITOS (tempo aprox. de leitura: 2,5 min.)
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Há 34 anos pratico Iaido, uma arte marcial japonesa de manuseio da katana.
Eu fui aquele tipo de pessoa que compra o volante antes de aprender a dirigir e comprar um carro. Comprei minha primeira espada na Suécia, disposto a aprender a usá-la quando pudesse, o que aconteceu somente dois anos depois.
Relembro que nessa época não havia Google para facilitar a pesquisa e o entendimento das coisas, bem como das tomadas de decisões. Claro que fui alvo de chacota na época pela minha intenção (pretensão).
Lembro-me que já nessa época fui rotulado de “sonhador” pelo meu padrinho, e não de uma forma positiva.
Desde o início, não fiquei conjecturando ou procurando fundamentos que justificassem meu treinamento. Apenas fiz, de maneira mais regular possível, ignorando e contornando as adversidades apresentadas pela vida. Ocorreram vários períodos em que interrompi a prática, sempre contra a minha vontade.
De tempos em tempos, alguém me pergunta qual o objetivo de se treinar Iaido. Essas perguntas vão, desde a “menos inteligente”, onde me lembram da inutilidade de se treinar o uso de uma arma incompatível com a atualidade, passam pelas perguntas que me instigam sobre os gatilhos mentais desenvolvidos pela prática, até os objetivos mais nobres, de desenvolvimento da alma.
Grande parte dessas respostas estão no artigo “Excelência”, publicado no dia 17 de março, onde relembro conceitos japoneses de treinamento, além da citação de Will Durant sobre o pensamento de Aristóteles: “Nós somos o que repetidamente fazemos. A excelência, então, não é um ato, mas um hábito”.
Acredito profundamente nessa citação e no conceito de sabedoria prática de Aristóteles, dependente do fator tempo, também contido naquele artigo.
Costumo, também, citar como resposta simplificada que executivos japoneses procuram a prática de Iaido para “afiarem” suas mentes no mundo corporativo.
Por que continuo a treinar Iaido? Não procuro racionalizar mais uma resposta. Apenas relembro que as principais coisas adquiridas na vida, nossas mais importantes decisões, não são movidas pela razão. Não compramos um carro, uma casa, não casamos e não temos filhos movidos pela razão.
“Conte seus sonhos às pessoas. Se certas rirem, você estará no caminho certo!”
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)