EXEMPLO DE VIDA (tempo aprox. de leitura: 2,5 min.)
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Desde meu primeiro artigo semanal no Linkedin, há mais de 45 semanas, escrevo sobre minhas experiências profissionais nas Marinhas de Guerra e Mercante, extraindo uma conclusão que sirva de lição para mim e, pretensiosamente, para quem se identifique com os temas universais abordados.
Farei uma pausa essa semana sobre os temas profissionais devido a um acontecimento recente e de caráter pessoal, nível acima e mais importante do que minha vida profissional.
Conheci, no fim de minha infância, uma professora que admirava como sendo o exemplo de integridade profissional. Equilibrada, serena e correta, adorava suas aulas de Geografia.
Ela era famosa pelas suas provas minimalistas, sendo capaz de medir nossos conhecimentos da matéria em apenas meia folha de papel A4, cobrando tudo o que precisávamos saber nesse pequeno pedaço de papel. Só os tolos pensavam que o tamanho das provas refletia o grau de dificuldade e abrangência das mesmas.
Anos se passaram e conheci uma garota que se tornou minha amiga, namorada e esposa. Quis o destino que essa garota ficasse sob os cuidados de duas tias, desde o falecimento da mãe, aos seis anos de idade. Uma dessas tias, que se tornaram “mães” da minha futura esposa, era aquela minha professora.
Passei, no tempo de namoro, a chamá-la carinhosamente de tia. Quando me casei, continuei chamando-a de tia. Estava fora de cogitação chamá-la de sogra, título que ela não gostava.
Por mais de 35 anos gostávamos de ter longas conversas, onde passei a admirá-la cada vez mais. Tornou-se exemplo para mim de muitas coisas na vida. Temperança, cordialidade, comedimento, respeito, abnegação, organização, dedicação, caridade, fraternidade, devoção ao trabalho e à família.
Na casa dela, além das conversas, chás e lições, ela me proporcionava uma paz que me fazia tirar memoráveis cochilos vespertinos. Era meu refúgio da agitação e negatividades do mundo.
Completou 93 anos no fim de junho, mas nos deixou na semana passada.
Deixou-nos fisicamente, mas manteremos suas lições nas nossas vidas; pessoais e profissionais.
Posso ouvi-la aconselhando carinhosamente minha filha (e a mim, indiretamente), quando era pequena e angustiada: “Viva um dia de cada vez!”
Já estou com muita saudade, mas sei que, um dia, nos encontraremos para mais umas de nossas conversas.
Até esse dia, tia Nilda!
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)