BISCAIA (tempo aprox. de leitura: 2 min.)
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Na minha primeira viagem na Marinha Mercante, iniciando meu estágio embarcado para receber a carta de Capitão de Cabotagem, encarei o Golfo da Biscaia em toda a sua fúria.
Para quem não conhece o Golfo da Biscaia, é o golfo formado entre a costa norte da Espanha e a costa oeste da França, onde passam ao largo os navios oriundos do Sul com destino ao Mar do Norte e vice-versa.
Costumava dizer, de brincadeira, que só conheci duas condições de tempo do Golfo da Biscaia: o ruim e o péssimo. Claro que existem outros mares bem piores espalhados pelo mundo, mas minha realidade se restringiu a contar as vezes que superei a Biscaia.
Na minha segunda passagem pela Biscaia, descendo para o Brasil, passamos uma noite infernal; daquelas que ninguém dorme e quase nada fica no lugar.
Pela manhã, compareci ao passadiço, como de costume, e encontrei o Capitão em péssimo estado. Contou-me que havia passado a noite no passadiço, cobrindo o serviço da Oficial novata que não conseguia ficar em pé de tanto marear (passar mal de enjoo). Comentou que quase me chamou para ajudá-lo na situação e eu disse que deveria tê-lo feito.
O mar continuou muito ruim por mais um dia e quase não se via a tripulação pelo navio; principalmente no refeitório.
No terceiro dia, o mar já estava menos raivoso, mas o Capitão percebeu que a tripulação não voltava à rotina normal. Tomou uma atitude inesperada: usou o fonoclama para avisar que a Biscaia já havia ficado para trás e que os tripulantes já “poderiam” sair de seus camarotes.
Essa lembrança é oportuna para me lembrar que acabamos de passar um período bastante turbulento e que alguns ainda vivem presos a esse passado recente, não percebendo que devemos deixar a Biscaia para trás.
Devemos aproveitar a virada de ano e “correr com o tempo”.
Sigamos em frente e tomemos o rumo, sem demora!
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)