CONHECIMENTO E FLOW (tempo aprox. de leitura: 3 min.)
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Algumas pessoas me perguntam o que significa aquela inscrição em japonês na minha capa do LinkedIn (e do Facebook). Significa muitas coisas (e muito para mim).
Trata-se do kotowaza (provérbio japonês) “MIZU NI NAGASU” (水に流す), que pode ser traduzido como “deixar o fluxo da água correr”. O significado mais comum desse provérbio é de deixar o passado para trás, saber perdoar, esquecer. Para mim, um praticante de Artes Marciais desde que entrei no Colégio Naval em 1978, significa um pouco mais que isso.
A capacidade de sentir e acompanhar uma situação devido ao grau de conhecimento e concentração adquiridos. Seguir o fluxo do KI (Energia Vital). Um estado mental que faz com que percebamos o tempo de forma diferenciada, sentindo como se os outros estejam lentos e, obviamente, os outros nos sintam rápido. (Não confundir com “açodado”, que denota, negativamente, ser apressado em demasia, precipitado).
Encontrei no Ocidente a versão desse princípio, chamada de Estado de Flow, atribuída ao psicólogo húngaro (croata) Mihaly Csikszentmihalyi, que descreve o Flow como, em suas palavras: “Um estado mental que acontece quando uma pessoa realiza uma atividade e se sente totalmente absorvida em uma sensação de energia, prazer e foco total no que está fazendo. Em essência, o Flow é caracterizado pela imersão completa no que se faz, e por uma consequente perda do sentido de espaço e tempo”.
Como podem ver, o conceito de Estado de Flow ou Teoria do Fluxo de Csikszentmihalyi já existia nos meus 33 anos de treinamento em Aikido e Iaido, não desmerecendo o trabalho do psicólogo.
Cabe aqui citar o psicólogo Helder Kamei que, seguindo os estudos de Csikszentmihalyi, escreveu o livro “Flow e Psicologia Positiva“, onde descreve as condições para se obter o Estado de Flow, resumidamente, a seguir:
1. Metas claras e feedback imediato;
2. Equilíbrio entre oportunidade de ação e capacidade;
3. Sensação de controle;
4. Concentração profunda;
5. Foco temporal no presente;
6. Distorção da experiência temporal;
7. Perda da autoconsciência reflexiva e transcendência das fronteiras do eu;
8. A expectativa se torna autotélica.
Pontuo aqui o item 2: Equilíbrio entre oportunidade de ação e capacidade. A correlação entre adquirir conhecimento/aperfeiçoamento (capacidade), o que confere a clareza de saber como e quando usar essa capacidade (oportunidade de ação).
O importante é, seguindo a linha oriental ou ocidental, pragmaticamente adquirir a capacidade de inferir e usar o Flow (KI) na nossa vida pessoal/profissional, ganhando agilidade, produtividade e satisfação pessoal/profissional.
Nota: Não é coincidência a procura da prática de Iaido (arte marcial japonesa do desembainhar da katana) por executivos japoneses.
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)