CURRÍCULO INCHADO (tempo aprox. de leitura: 2,5 min.)
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“Analfabetos ha habido siempre pero nunca habían salido de la universidad.” Maria Elvira Roca Barea – PhD em Filologia, professora e escritora espanhola.
Há muito tento formar opinião sobre a correlação entre formação acadêmica e capacitação para exercer uma função.
Esbarrei, por toda minha vida, com situações que me decepcionaram ao constatar o abismo entre a capacidade operativa e intelectual de um indivíduo e sua formação acadêmica inchada, descrita no seu longo currículo. Geralmente nesses casos, o Efeito de Halo atua, fazendo-nos crer que a formação corresponde à capacidade prática do indivíduo e fazendo o indivíduo crer que a ostentação do seu currículo precede e é suficiente para sua vida profissional.
Não estou, claro, generalizando, nem menosprezando uma formação robusta, meta admirável e respeitável na maioria dos casos, refletindo no preparo do profissional. Apenas estou pontuando situações vividas e, pelo visto, pensamento compartilhado por alguns, como a Dra. Barea, por exemplo.
Sendo ela filóloga, percebeu pela linguagem atual o empobrecimento cultural geral do indivíduo, independente de seu nível acadêmico, afetando o desempenho profissional, evidentemente.
Por proximidade de área, a linguística, faz-me lembrar uma conclusão semelhante de Lacan, que explica muito bem outro conceito que é a deficiência argumentativa, com sua realidade advinda da linguística limitada. A linguagem define e limita um indivíduo.
Guardo da época de Escola Naval um episódio vivido com um colega, muito inteligente e muito bem colocado na turma.
Ele se aproximou de mim e perguntou: “Leonardo, responda rápido. Vela de barco acende? Demorou! Você poderia ter respondido: Sim! Acende um enorme desejo de me lançar ao mar! Ou: Não! Porque vela de barco não tem pavio!”
Essa brincadeira me deixou atento, pelo resto da vida, à importância de capacidade argumentativa que, obviamente, advém da contínua busca de conhecimento cultural e profissional, seja ele registrado no seu currículo ou não.
Acredito que um bom RH e um bom líder ou chefe verão, cada vez mais, essa diferença.
“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.” Leonardo da Vinci.
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)