PRATOS (tempo aprox. de leitura: 2 min.)
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Sei que não sou o único a ter sonhos recorrentes (quase pesadelos). Nos meus, estou sempre atrasado para um “reunir” no Pátio Saldanha da Escola Naval. Estou apenas de short enquanto todos saem correndo, já uniformizados, para a formatura. Acordo assustado por estar atrasado, quarenta anos passados dessa possibilidade.
Com essa neurose, tornei-me extremamente angustiado com horários, dependente do relógio e do calendário.
Quando tenho tarefas a fazer, procuro me adiantar para evitar ficar premido pelo tempo, mas, claro, nem sempre consigo cumprir meu planejamento e não ser encurralado por esse tormento, o tempo.
Nem mesmo a lição que minha filha me deu, ao nascer antes do tempo, quatro dias antes do meu desembarque de uma docagem em Hamburgo, fez-me relaxar e lidar com o fato de que não posso controlar o tempo.
Mas não é de todo ruim essa minha angústia. Como tudo na vida, essa aflição tem seu lado positivo. Mantém as caldeiras acesas, máquinas prontas e atentas ao comando de “adiante devagar”, para não cair na letargia e inércia de um início de ano, quando muitas pessoas esperam um “sinal”, não sei de onde nem porque para moverem-se.
Sei também que não sou o único a estar envolvido em projetos que ignoram a ilusão de desaceleração de fim de ano ou da já citada inércia de um início de ano.
Projetos que são como o malabarismo dos pratos girando, onde não se pode aliviar o “timing” das atividades e deixar os pratos caírem. O espetáculo já está em curso. Temos apenas que ter o cuidado de não botar pratos além da nossa capacidade de equilibrá-los.
Gosto de lembrar o poeta romano Virgílio que dizia “tempus fugit”, traduzido modernamente como “o tempo voa!”
Prefiro a tradução literal: o tempo foge! Temos que tomar conta dele, com muita atenção.
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Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)