TENENTE FRITZ (tempo aprox. de leitura: 3 min.)
.
Era uma vez uma ratazana chamada Fritz. Tenente Fritz, para ser mais específico.
Morava a bordo do Contratorpedeiro Santa Catarina nos meados da década de 1980 (Século passado!).
Sua rotina era conhecida pelos oficiais, que começava logo após o “toque de silêncio”, com a redução das luzes de bordo.
Supunha-se que se alojava próximo à área dos Camarotes dos Oficiais porque podia-se ouvir suas patas nas tubulações pouco tempo depois do “silêncio”. Por essa razão, era chamado de Tenente Fritz. Pelos sons das patas, não se tratava de um “Tenente” franzino.
Toda noite, subia a escada que dava acesso à Copa dos Oficiais e à Praça D’Armas, sua rotina em busca de refeição.
Certamente Tenente Fritz era mais antigo do que eu porque as estórias sobre ele já existiam e sua rotina foi-me alertada, um recém embarcado.
O destino do Tenente Fritz foi traçado durante um almoço onde o Comandante foi convidado a participar, na Praça D’Armas. Por uma infeliz coincidência, o Comandante estava conversando a respeito da existência e controle de ratos de bordo quando Fritz decidiu passar pelo rebaixamento do teto da Praça D’Armas, barulhento e, inexplicavelmente, seu longo rabo à mostra em alguns momentos.
O Comandante ficou furioso e ordenou as medidas cabíveis para o fim do abusado Tenente Fritz.
Claro que essa missão recairia nos quatro novos Tenentes de bordo. Então, tivemos que nos reunir e traçar uma estratégia.
Numa noite, após o “silêncio”, dois Tenentes acompanharam, ainda deitados, a movimentação do Fritz pelos camarotes e informaram, via Walkie Talkie, aos outros dois que estavam escondidos no convés principal, próximo à entrada do pequeno corredor de acesso à Praça D’Armas.
Quando o Tenente Fritz começou a subir a escada de acesso à Praça D’Armas, os quatro encurralaram Fritz nos degraus, “fechando em pinça” e atacando-o com vassouras. A escolha das vassouras como arma mostrou-se uma falha estratégica. Arma frágil para um inimigo que menosprezamos (Erro grosseiro para Sun Tzu).
A batalha não foi fácil. Fritz não se intimidou e contra-atacou, resistindo aos golpes (os poucos que foram efetivos). A confusão da batalha era grande, com gritaria e congestionamento no corredor dos camarotes, com todos os Oficiais que não estavam na missão impedindo qualquer possibilidade de recuo aos contra-ataques do Fritz.
Por sorte, em meio ao caos e vassouras quebradas, num tempo bem acima do estimado, vencemos a batalha.
Em respeito ao bravo Tenente Fritz, realizamos um honroso funeral marítimo.
.
Leonardo Seixas (Diretor de Marketing)